quinta-feira, 28 de abril de 2011

Pacto da Graça

 Muitos pessoas, que fazem parte da IPB, nunca ouviram falar sobre o pacto da graça ou tem uma compreensão errônea sobre tal. Esse pequeno post tem o intuito de esclarecer a compreensão de alguns e informar a outros do que se trata.
  
A teologia do pacto foi desenvolvida na reforma e tem sua centralidade no cumprimento da promessa feita a Abraão. 
É no cumprimento dessa promessa que não há mais judeu nem gentio, macho ou fêmea, escravo ou livre, Cristo é tudo em todos e todos os crentes são abençoados com a mesma fé que teve Abraão.
 O elemento central envolvido no pacto da graça são as palavras “serei o vosso Deus, e vos sereis o meu povo.” A definição do termo pacto é de um acordo entre duas partes, o Deus ofendido e o homem ofensor. Da parte de Deus o homem recebe as promessas e ao homem é imposta a condição de guardar o pacto temendo ao Senhor, andando nos Seus caminhos e servindo-O com todo o coração. Para os teólogos mais sistemáticos, o pacto é um acordo entre Deus, que promete sua benção, e ao seu povo é estipulada a obediência.                      
Alguns pactos descritos nas Escrituras, como por exemplo; pactos feitos entre homens onde a mesma palavra que se refere à aliança feita entre Deus e o homem, berith, é utilizada para descrever pactos feitos entre homens Gn 21;27,32. Mas, a igualdade existente entre os homens não pode ser alcançada na relação entre Deus e o homem. Essa palavra na tradução da LXX é diatheke e não a palavra grega suntheke que tem na sua essência o pacto mútuo, outra observação é que nessas relações humanas a noção de fidelidade juramentada é mais proeminente do que o contrato mútuo. Outro pacto é o pacto feito com Deus pelo homem, Js 24;24 por exemplo. Neste caso é evidente a idéia de comprometimento sem reservas, de toda a alma e não um acordo mútuo. Com relação aos pactos divinos fica claro que esse pacto expressa o monergismo e a fidelidade divina, o que é enfatizado nesse pacto é a estabilidade e perpetuidade das ordenanças do Senhor e sua imutável providencia Jr 33; 20,25. 
A partir daí, podemos definir os pactos e os explicar com base bíblica. O primeiro pacto a ser observado é o pacto pós-diluviano, (Gn 9) onde cinco características são patentes. 1. Ele é o pacto de Deus – determinado pelo próprio Deus. 2. É universal – não apenas com Noé, mas com sua descendência e com toda criatura vivente. 3. É incondicional – o pacto não poderia ser anulado pela incredulidade ou infidelidade humana. 4.  É monergista – a continuidade da aliança e seu cumprimento dependem apenas da fidelidade divina. 5. Ele é eterno – sua perpetuidade esta atrelada ao caráter divino.                                                                                                                      No pacto Abraâmico (Gn 15)  podemos observar características novas quanto a sua administração, a primeira característica é quanto a sua sanção, onde Deus faz um juramento auto-amaldiçoador no caso de não cumprir a promessa feita a Abraão. Não é Abraão quem confirma a promessa, mas o próprio Deus confirma a sua fidelidade à promessa feita, é uma ação divinamente unilateral, o que vem a identificar-se com os outros pactos. Outra característica distinta nesse pacto, é a referencia quanto a guardar e quebrar o pacto. Neste ponto o diferencial do pacto de Abraão para o de Noé é o relacionamento religioso num mais alto nível, união e comunhão com Deus. Tendo essa intimidade e espiritualidade envolvida vai existir mutualidade, esse mutualismo deve alcançar o mais alto nível, isso quer dizer que deve haver resposta, ele deve ser atendido por parte dos beneficiários. Por isso, guardar o pacto não é incompatível com a natureza do pacto como uma administração da graça. Não há duvidas de que para desfrutar das bênçãos relacionadas ao pacto certas condições devem ser cumpridas e essas se resumem em obedecer à voz do Senhor e guardar seu pacto.                                        
No pacto Mosaico é claro que a idéia de cumprimento condicional não existe. A libertação do povo do Egito é a conseqüência do pacto abraâmico e a espiritualidade do relacionamento que é o centro do pacto abraâmico esta também no mosaico, alguns textos são interpretados equivocadamente, como por exemplo; Ex 19;5. Agora, pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz e guardardes a minha aliança, então sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos, porque toda a terra é minha. Não se deve entender que o pacto deveria esperar pela voluntaria aceitação por parte do povo. Pois, o texto não diz; se diligentemente ouvirdes a minha voz e aceitardes os termos estipulados, então farei pacto convosco. 
O pacto é considerado como já dispensado. Tudo isso leva a uma perspectiva do pacto mosaico como sendo também uma administração da soberana graça, iniciada por Deus e por Ele estabelecida, confirmada e cumprida.                                                           
O pacto Davídico não se mostra diferente, pelo contrario, nenhum outro pacto no Velho Testamento apóia mais claramente a tese de que pacto é promessa soberana, promessa solenizada pela santidade de um juramento, imutável em sua segurança e divinamente confirmada com respeito à certeza de seu cumprimento. Para testificar isso podemos observar o texto de 2 Sm 23;5. Ainda que a minha casa não seja tal para com Deus, contudo estabeleceu comigo uma aliança eterna, que em tudo será bem ordenado e guardado, pois toda a minha salvação e todo o meu prazer está nele, apesar de que ainda não o faz brotar.                                                                                                                                                  As promessas davídicas são messiânicas, é em Cristo que a posteridade de Davi é estabelecida para sempre. O profeta Isaias destaca em passagens como Is 42;1, 49;8, 55;3,4  que a promessa de Deus era dar o Seu servo para uma aliança com o povo. É a dispensação soberana e concessão unilateral que está em evidencia nesse pacto, a segurança do pacto com o povo está baseada na segurança da doação do Servo como um pacto com o povo.                                                                               
Chegando ao pacto do Novo Testamento, a idéia de continuidade e unidade da revelação e ação do pacto de Deus está evidente no pensamento dos Israelitas piedosos da época, como Zacarias em Lc 1;72. Podemos observar quanto ao uso do plural pelo apostolo Paulo em Rm 9;4; Ef 2;12 tratando “pactos” com relação ao privilégio de Israel. Paulo em Ef 2;12 fala desses pactos como “as alianças da promessa”. O trecho de Gl 3;15,17 é talvez a mais significativa das passagens, pois, Paulo enfatiza nela a imutabilidade, segurança e inviolabilidade do pacto. Com relação do novo com o velho é enfatizado uma harmonia entre os dois, segundo Lc 1;72 e Gl 3;15 a nova administração do pacto está atrelada a promessa do pacto no Velho Testamento. A nova aliança é o cumprimento da abraâmica, as características da nova estão ligadas a velha. É certo que o novo pacto ministra a mais elevada benção e compreende em comunhão com Deus, que é o cume do processo redentivo e o ápice do relacionamento religioso. É o novo pacto que por excelência realiza a promessa “Eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo” Hb 8;10.                                                                                                         
O conceito de testamento é trazido como a noção testamentaria de uma ultima vontade e é referida em Hb 9;16,17 para ilustrar o propósito especifico da eficácia ou efetividade transcendente da morte em Cristo em assegurar os benefícios do pacto da graça. Dentro de todas essas evidencias não é admissível a idéia de um contrato ou acordo, o pacto é uma administração soberana de graça e promessa. 
Deus é o mesmo hoje, ontem e sempre!                
John Murray O PACTO da GRAÇA
    um estudo Bíblico-teologico  

Um comentário:

  1. TEXTO MUITO RICO ... GLÓRIAS AO SENHOR JESUS , DEUS BENDITO ETERNAMENTE !

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