sexta-feira, 4 de novembro de 2011

A distinção entre o crente e o descrente.

Mateus 12; 33-37
33 Ou fazei a árvore boa e o seu fruto bom ou a árvore má e o seu fruto mau; porque pelo fruto se conhece a árvore.  34 Raça de víboras, como podeis falar coisas boas, sendo maus? Porque a boca fala do que está cheio o coração.  35 O homem bom tira do tesouro bom coisas boas; mas o homem mau do mau tesouro tira coisas más. 36 Digo-vos que de toda palavra frívola que proferirem os homens, dela darão conta no Dia do Juízo; 37 porque, pelas tuas palavras, serás justificado e, pelas tuas palavras, serás condenado.
O crescimento do evangélico no Brasil é incontestável, nunca se viu na televisão tantos programas evangélicos como nos dias atuais, pesquisas feitas constatam que o Brasil tem uma imensa população de evangélicos que cresce a cada ano, A VEJA em uma das suas reportagens afirma que o Brasil se tornará totalmente evangélico em cinco décadas se esse crescimento continuar, alguns afirmam que o Brasil vive um verdadeiro avivamento.                                                                              A revista Eclésia em uma das suas edições, no artigo intitulado igrejas para todos os gostos, destaca esse crescimento e falando da diversidade dessas igrejas. Depois de listar uma serie de nomes estranhos. Escreve; “Há ainda muitas outras, quase sempre pequenas denominações pentecostais dirigidas por líderes leigos, onde o que vale é a espontaneidade litúrgica e uma boa dose de improvisação.”                                                                                                            Ao analisarmos esse crescimento percebemos que uma grande crise de identidade e doutrinaria o acompanha. O mundanismo tem entrado nas igrejas, tem se dado muito mais importância aos números do que a sã doutrina. O pentecostalismo não tem uma identidade doutrinaria assumida e não se preocupam muito com isso, o neopentecostalismo está muito mais interessado nos resultados do que seguir uma regra de fé e pratica (um corpo doutrinário), os históricos estão se voltando para praticas que tem dado “resultado” em outras denominações. O nome evangélico foi banalizado, muitos cristãos autênticos não querem ser chamados de evangélicos. O cristianismo vive tempos difíceis, diante de tantas pessoas que se dizem cristãs, evangélicas, o que realmente distingue um cristão de um não cristão?
O evangelho de Mateus foi escrito pelo próprio apostolo que dá nome ao livro, com o intuito de evidenciar que Jesus era o messias esperado, o Cristo que havia de vir, pode-se ver logo no inicio desse evangelho as citações de promessas do Antigo Testamento e a ênfase no seu cumprimento em Cristo, pelo menos 40 citações formais são encontradas em Mateus. Além dessas citações formais há outras que estão implícitas, enfim, Mateus mostra que Jesus é o cumprimento da promessa. Esse trecho específico que lemos mostra um embate entre cristo e os fariseus, eles não conseguiam entender como Jesus poderia ser o Messias e não obedecer as suas leis. É dentro dessa discussão que percebemos Jesus evidenciar:
3 características que distinguem o cristão do não cristão.
1-    O fruto.
Jesus deixa claro nesse texto que se conhece uma pessoa pelo que ela frutifica, a arvore boa produz bom fruto. A árvore doente, má, produz frutos maus. Não há como uma arvore boa produzir frutos maus.
Jesus estava declarando através dessa figura que Ele é bom, pois, os fariseus o estavam acusando de expulsar demônios através do poder de belzebu, Jesus afirma que Ele não fazia isso em nome do mal, pois, não eram más as suas obras. E como pode sair de uma arvore má, um Fruto bom? Através dessa figura, Jesus afirma que o julgamento que aqueles homens estavam fazendo não era o correto, pois, não condizia com a realidade dos fatos, ou seja, as obras de Cristo evidenciavam o contrario daquilo que aqueles homens estavam dizendo.  Ao invés de ser julgado, agora Jesus declara um julgamento justo acerca do que estava acontecendo ali. Jesus busca um exemplo na criação e revela que o que aqueles fariseus estavam falando era incoerente com a verdade e era coerente com aquilo que eles eram. Eles eram maus e isso era evidenciado pelas suas palavras, Jesus diz; “Raça de víboras, como podeis falar coisas boas, sendo maus? Porque a boca fala do que está cheio o coração
Aqueles homens estavam dizendo, frutificando, aquilo que estava dentro deles. Ou melhor, aqueles homens estavam se revelando através de suas palavras. O intento do coração deles era mau, a depravação dos seus corações os impossibilitava de declarar algo bom. A boca fala do que está cheio o coração. Hendriksen diz; como uma população que cresce transborda para o território adjacente, e como uma cisterna demasiadamente cheia que transborda para uma bica, assim os excessos dos corações irromperão em palavras.
“que as nossas palavras são um reflexo daquilo que está dentro de nosso coração. As palavras revelam nossa postura, caráter, conduta, sentimentos e pensamentos. Desta forma, na perspectiva bíblica, a palavra é um retrato do nosso coração, ou seja, ela descortina o que habita nas camadas mais profundas da nossa alma.” O melhor de Deus para a sua vida – Rev. Hernandes Dias Lopes          
Coração não diz respeito ao órgão ou simplesmente ao centro das emoções, ao falar do coração, Jesus falava sobre o ser humano em si, no seu interior, como ser pensante, racional, como pessoa. Nesse caso específico coração é a força propulsora que leva o homem a fazer o que ele faz. E o coração do homem é totalmente corrompido, não existe nele bem algum espiritual, os pensamentos maus vem do coração segundo Jesus em Mt 15; 19. Porque do coração procedem maus desígnios, homicídios, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos, blasfêmias. Segundo o apostolo Paulo em Rm 1;24 desejos vergonhosos habitam no coração, ele é desobediente e impenitente (Rm 2; 5, 2 Co 3; 14-15), duro e infiel (Hb 3;12), embotado e escurecido (Rm 1;21, Ef 4;18).
A boca fala do que está cheio o coração, o ímpio não pode falar o que é bom, ele está separado está separado eticamente de Deus, o seu coração é desobediente ao Senhor, aquilo que ele proferir irá de encontro a Lei de Deus, mas o regenerado tem o coração transformado onde a justiça e a retidão procedentes da verdade habitam Ef 4;24. Não existe possibilidade de ser bom através dos nossos próprios esforços, Jesus é o único que pode transformas os nossos corações, Ele é o exemplo a ser seguido, Ele é bom, e bom só Deus como Ele mesmo disse ao jovem rico em Mt 9;17 Por que me chamas bom? Não há bom senão um só, que é Deus. Jesus é o único que pode transformar os corruptos corações em corações aceitáveis e bons diante de Deus. Somente dessa maneira, somente através de Cristo o homem pode ter um coração aceitável diante de Deus.  
Este é o fruto, é através desse fruto que podemos distinguir o cristão do não cristão. Mesmo sendo religiosos e grandes conhecedores das Escrituras Jesus combateu a hipocrisia dos fariseus afirmando a maldade dos seus corações. A boca deles falava algo diferente do que a própria Escritura revelava, existia algo de errado, sabemos que eram os seus corações corrompidos, mas eles conheciam as Escrituras, era a seita mais severa dos judeus. Mesmo assim os seus corações eram maus.                                                                                                              O que os impedia de ser cristão era.
2-     Sua cosmovisão, os seus pressupostos.      
Aqueles homens não conseguiam ser o que diziam ser por que a sua compreensão acerca do reino de Deus estava comprometida pelos pressupostos errados. A cosmovisão deles era equivocada. O homem bom tira do tesouro bom coisas boas; mas o homem mau do mau tesouro tira coisas más. Aqueles homens não conseguiram ser o que diziam ser porque sua idéia de mundo e de reino de Deus estava ligada aquilo que eles interpretavam como a realidade da verdade revelada na Escritura, o que os impediam de terem a interpretação correta eram os seus pressupostos. A figura do coração é tratada agora como um deposito, uma despensa, um tesouro, de onde pode ser tirado coisas boas ou coisas ruins. Por pior que seja o tesouro, é claro que o seu possuidor não o terá como algo ruim, para ele aquilo é precioso, porque ele pressupõe que aquilo é bom, mesmo sendo mau. Ele tirará coisas boas ou ruins dependendo do que ele tem guardado nessa dispensa como valioso, como importante. Os fariseus tinham guardado ali a observância da Lei, mas não era a Lei em si, mas a sua interpretação. E essa interpretação estava carregada do eu, do humano, do terreno, haviam tirado Deus do centro e colocado aquilo que eles entendiam como verdadeiro. O reino que eles esperavam, era um reino institucional, terreno, humano, eles tinham a sua própria maneira de ver Deus, já haviam decidido que Jesus não era o Cristo, o messias e não importava o que se apresentasse diante dos seus olhos, Ele não era o messias, não queriam aquele Senhor. E não abriam mão disso. Toda a sua visão estava fundamentada nisso, a cosmovisão que tinham estava firmada nesse pressuposto, “nós temos a verdade” ela é nossa e Jesus não é o messias.
Vejam bem, tesouro tem haver com algo valioso, com algo de extrema importância. Sabemos e temos aprendido que o pressuposto é o fundamento, o alicerce da construção de uma cosmovisão. Aqueles homens extraíram do seu tesouro, pressuposto, a idéia de reino de Deus que gostariam, a cosmovisão que tinham sobre as Escrituras estava contaminada por esse pressuposto e totalmente equivocada por conta disso.
Quantos nos nossos dias têm tirado das mãos de Deus o governo, tem negociado os princípios bíblicos e interpretado as Escrituras ao seu bel prazer, para justificar uma cosmovisão fundamentada nele mesmo e nos seus desejos humanos, quantos nos nossos dias tem se preocupado com o crescimento da igreja e inovado na procura desse crescimento e se esquecido do que Deus quer que façamos. O cristianismo exige uma cosmovisão coerente com o que Deus requer de nós. O homem bom tira do bom tesouro coisas boas.
O fruto que evidencia os nossos pressupostos são os mesmos que informavam nossa condição diante da salvação.
Essa é a terceira característica que distingue o cristão do não cristão. 
3-    A Salvação.
Verso 36,37. Digo-vos que de toda palavra frívola que proferirem os homens, dela darão conta no Dia do Juízo; porque, pelas tuas palavras, serás justificado e, pelas tuas palavras, serás condenado. O fruto que caracteriza, ou distingue o cristão do não cristão, que nesse caso especifico é a palavra pronunciada, que evidencia o caráter, o interior do homem e a sua compreensão de mundo, sua cosmovisão é decisiva na manifestação da condenação ou salvação desse homem.
Jesus chega à conclusão do seu discurso afirmando que mesmo as palavras despretensiosas do homem revelam quem realmente ele é, e através dessa palavra inútil, ociosa “como a corrigido traduz”, ele terá de prestar conta no dia do juízo. Isso se dá pelo fato de que mesmo as despretensiosas palavras revelarem a natureza do coração, Champlin afirma sobre essa palavra “frívola”; trata-se de uma palavra sem uso legitimo, moralmente desnecessária e sem proveito, palavras como simples palavras são um bom indicio da natureza de um coração de um homem.                                                                                       Sinceramente não vejo aqui uma preocupação de Jesus com a palavra proferida, mas com a força propulsora que a fez ser proferira. Para se falar algo bom é necessário ter um coração regenerado, e isso implica em nascer de cima, nascer da água e do Espírito, e é claro em salvação. 
Quando Jesus afirma que todos prestaram conta de sua palavra, ele está falando assim como Tiago que pela ação, pelo fruto se evidencia a fé salvifíca.
Hodge escreve na CFW comentada como explicação do 13º capitulo (Da Santificação) seção 1º que:
Uma ação, para ser boa, deve ter origem num principio santo do coração, e deve estar conformada a Lei de Deus, embora não seja a base da nossa aceitação, as boas obras são absolutamente a essenciais a salvação.
E é essa fé, fornecida por Deus como dom, que trará salvação ao homem, o não cristão não pode pronunciar palavras que agradem a Deus por não serem regenerados, portando pela palavra proferida se é salvo.    
Conclusão;
A boca fala do que o coração está cheio, é pelas palavras que realmente conhecemos o que uma pessoa compreende sobre o mundo, sua perspectiva acerca da vida. Se ela é ou não fundamentada na Escritura e tem seu alicerce Nela ou apenas submete-a a sua visão extra bíblica, como os fariseus faziam. A bíblia é a referencia que o cristão tem acerca de todas as coisas.                             Albert M. Wolters diz que a cosmovisão forma, em um grau significativo, o modo pelo qual avaliamos os eventos, assuntos e estruturas de nossa civilização e de nossa época.                                                                                                           Deus deve estar sempre no centro da visão do cristão, a teocêntrica cosmovisão cristã é a evidencia de que realmente é um cristão autentico. As suas respostas estão em Deus, no Deus encarnado, na cristocêntrica Escritura.  É através do fruto, da palavra pronunciada que reconhecemos e distinguimos como essa pessoa avalia tudo. Somente o cristão tem a percepção verdadeira do mundo, pois ele tem em suas mãos o manual que revela toda a verdade que o homem precisa saber para viver.
O cristão evidencia através de suas palavras a verdade acerca da criação, do que a sociedade precisa para caminhar de forma adequada, o cristão tem uma cosmovisão adequada e verdadeira, não contraditória. Todas as outras idéias de mundo são falsas, o cristão não é detentor da verdade, mas a tem em suas mãos.
Esse não é um dever, se realmente tenho Cristo e sou regenerado, do meu coração irão fluir rios de água viva, como Jesus fala em João 7;38. Não é opção ou meu desejo, isso acontece porque Cristo habita em mim.   
O verdadeiro cristão irá viver de acordo o que realmente ele é!

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